As novas escolhas alimentares do consumidor motivadas pelo Ozempic.
Introdução
À medida que a economia brasileira enfrenta desafios inflacionários, os consumidores estão redefinindo suas prioridades e hábitos de compra. Em meio a essas complexas dinâmicas econômicas, uma nova tendência emerge, conectando elementos de saúde e bem-estar: o crescente uso de medicamentos como o Ozempic. Originalmente destinado ao tratamento do diabetes tipo 2, o Ozempic está despontando como uma ferramenta popular entre os brasileiros que buscam não apenas controle glicêmico, mas também perda de peso e melhoria na qualidade de vida.
Este contexto dual de pressões econômicas e transformações sociais está no coração do estudo “Ouro na Prateleira”, conduzido pela Reds. Através de uma investigação quantitativa aprofundada, o estudo examina como a inflação está forçando mudanças nos padrões de consumo, enquanto a adoção do Ozempic também está influenciando comportamentos alimentares e escolhas de compra.
Ao focar nos efeitos do Ozempic, este artigo ilumina os impactos profundos que o medicamento está tendo nos padrões de consumo no Brasil, desvendando como motivações econômicas e de saúde estão entrelaçadas nas decisões de compra dos consumidores. Em um país onde a adaptação é uma constante, entender essa nova realidade oferece insights críticos para que as empresas possam antecipar tendências futuras e responder às mudanças na demanda do mercado.
O Estudo
O estudo “Ouro na Prateleira” foi conduzido pela REDS com 2.029 entrevistas em todo o Brasil, representando a diversidade da população nacional. Analisamos 58 categorias de alimentos consumidos comparando padrões entre usuários atuais e passados de Ozempic com não usuários. Os dados revelam diferenças estatisticamente significativas em 31 categorias alimentares. A análise do estudo foi feita pelo Hugo.Ai — o agente de IA especializado em analisar estudos complexos.
A Popularização do Ozempic
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Segundo o estudo da Reds, Ouro na Prateleira, 19% dos brasileiros já usaram medicamentos como Ozempic ou similares, sendo a maior motivação : perda de peso, sendo que 23% começou a usar por conta própria. O uso impacta diretamente o padrão de consumo: usuários desses remédios consomem em média 21% menos alimentos.
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Quem são os usuários de Ozempic no Brasil
Região
Sudeste: 38,7% — Nordeste :30,8% e Sudeste — 14%
Gênero
Mulheres: 52,4% e Homens — 47,6%
Classe Social
Concentração na classe AB (embora tenha também uma participação da classe C)
Raça/ Cor
Branca: 46,8% — Parda: 42,2% — Preta: 10,2%
Por idade
Predominância 20–35 anos
Perfil Educacional e Familiar
Os usuários de Ozempic têm um perfil socioeconômico elevado, com alta escolaridade (mais de 90% têm ensino superior completo) e predominantemente vivem em famílias estruturadas com filhos, reforçando que os usuários são pessoas com maior acesso à informação e recursos financeiros para tratamentos especializados.
Impactos Diretos no Consumo de Alimentos
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Principais Tendências e Insights
Os dados fornecidos revelam mudanças nos hábitos alimentares entre usuários de Ozempic e similares (GLP1), um medicamento amplamente utilizado para tratamento da diabete e obesidade. As descobertas mostram tanto reduções em certos grupos alimentares, quanto aumentos em outros, sugerindo que o medicamento pode alterar padrões de consumo e aspirações de estilo de vida, apontando um perfil de consumidor mais seletivo e possivelmente premium, ainda que nem sempre mais saudável.
Maiores Impactos (>10 Pontos):
Ovos: -18,02 pontos
— Consumo entre não usuários é 85,70% e entre usuários de Ozempic cai para 67,68%.
— Redução de 21%: Quase 1 em cada 4 pessoas para de consumir ovos, sugerindo uma redução no apetite para este tipo de proteína.
Apontado como a proteína mais consumida atualmente no estudo Ouro na Prateleira, compondo a nova cesta do brasileiro, quando se trata dos usuários de Ozempic, isso não é verdadeiro. O novo estilo de vida e suas preferências impactam mais que o bolso.
– Temperos: -17,63 pontos
— De 76,41% para 58,78% entre usuários, com uma redução de 23,1%, indicando possível desinteresse em alimentos muito temperados, ou ainda, pela preparação de refeições em casa.
– Enlatados: =-14,91 pontos
— O consumo cai de 61,98% para 47,07%, uma queda de 24,1%, apontando para um movimento longe dos alimentos processados.
– Proteína Vegetal:+14,43 pontos
— O consumo dobra de 21,45% entre não usuários para 35,88% entre usuários, um aumento de 67,3%, demonstrando maior adoção de alternativas vegetais.
– Pratos Prontos: Boom Inesperado+14,77 pontos
— Um aumento de 66,7%, de 22,13% para 36,90%, sugere um paradoxo onde conveniência supera preocupação com processamento.
Comportamentos Revelados:
- Bebidas Alcoólicas Premium: Consumo Dramaticamente Maior
Gin (+137,1%), Whisky (+84,3%), Sake (+208,5%), Rum (+137,8%), Vodka (+56,9%).
Os dados revelam a transformação dramática. Usuários de Ozempic não estão bebendo menos — estão bebendo diferente, migrando massivamente para destilados premium.
– Vegetais Congelados : +10,89 pontos
Passa de 25,24% para 36,13%, um aumento de 43,1%, indicando busca por conveniência saudável.
– Doces em Compota +8,92 pontos
— Incremento de 46,2%, sugerindo uma inclinação para açúcar qualificado como “gourmet”.
Reduções Relevantes:
– Carboidratos Tradicionais
— Pão e derivados caem 17,8%, macarrão 12,3%, e arroz 7,3%, refletindo uma tendência geral de redução de carboidratos.
– Proteínas Animais Básicas
— O consumo de ovos declina 21% e carnes 9,4% um paradoxo frente ao aumento de proteínas vegetais.
– Gorduras e Laticínios
— Óleos e gorduras caem 13%, laticínios 12,1%, indicando redução de gorduras saturadas.
– Snacks Processados
— Biscoitos caem 21% e chocolates 12,2%, alinhados à redução de alimentos ultraprocessados.
Hipóteses:
– Mistério dos Ovos
— Possíveis razões para a redução incluem perda de apetite para proteínas densas, náusea matinal ou migração para proteínas vegetais.Fenômeno “Premium Drinking”
— Aumento no consumo de destilados premium pode ser explicado por mudanças de renda, busca por bebidas de baixo carboidrato ou um efeito de “lifestyle upgrade”.– Paradoxo dos Pratos Prontos
— O aumento no consumo é possivelmente devido à redução do apetite, menos tempo para cozinhar e busca por controle de porções.
Comportamento de Compra
Ao analisar o comportamento de compras dos usuários e não usuários de Ozempic identificamos um consumidor menos impulsivo com as compras de alimentos. Eles são mais planejados, fazendo uma compra mensal, são menos abertos a novas marcas, preferindo manter marcas conhecidas. Também são menos sensíveis a preços, embora pragmáticos caso tenha um bom custo benefício.
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Os impactos do Ozempic nas Gerações
De acordo com nosso estudo, a Geração Z é a que mais usa este tipo de medicamento.
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Impacto do Ozempic no consumo de Alimentos e Bebidas por Geração
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Millenialls (32–45 anos)
lideram todas as mudanças, tanto positivas quanto negativas, maiores aumentos entre as gerações, apontando:
-Proteínas Vegetais: +37.1% (1.8% → 2.5%), substituição de proteínas,
-Ultraprocessados: +27.3% (2.2% → 2.8%) — busca por conveniência,
-Doces Preparados: +7.2% (4.1% → 4.4%) — cálculo das indulgências
– Bebidas alcóolicas: +19.4% (2.6% → 3.1%) — Álcool substituindo o controle alimentarCortes Estratégicos:
– Processados Leves: -18.8% (4.5% → 3.7%) — mais seletividade
– Carboidratos Simples: -10.1% (7.9% → 7.1%) — mais disciplina
– Gorduras: -12.2% (2.4% → 2.1%) — mais controle — Alimentos Naturais: -7.4% (5.3% → 4.9%) — uma menor redução e Proteínas Animais: -6.7% (19.4% → 18.1%) — transição
A Geração Z (18–31 anos)
mudanças consistentes mas não extremas, apontando mudanças moderadas.
• Proteínas Vegetais: +33.6% (1.5% → 2.0%) — uma adesão vegana
• Ultraprocessados: +22.7% (1.9% → 2.4%) — DELIVERY GENERATION
• Processados Leves: -20.8% (4.3% → 3.4%) — CORTE CONSCIENTE
• Gorduras: -12.3% (2.3% → 2.1%) — DISCIPLINA LIPÍDICA
• Carboidratos Simples: -13.8% (7.9% → 6.8%) — CONTROLE CARBS
• Alimentos Naturais: -11.6% (5.0% → 4.4%) — MENOS FRESCOR
• Proteínas Animais: -7% (18.3% → 17.1%) — REDUÇÃO CARNE e Bebidas alcóolicas em geral: +4.8% (2.2% → 2.3%)
Geração X (46–60 anos)
Menores mudanças nos hábitos:
• Alimentos Naturais: -18% (5.4% → 4.4%) — ÚNICA GRANDE MUDANÇA!
• Gorduras: -18.1% (2.4% → 2.0%) — CORTE MODERADO
• Carboidratos Simples: -15.8% (7.9% → 6.7%) — DISCIPLINA LEVE
• Proteínas Vegetais: +4% (1.8% → 1.9%) — MENOR ADESÃO VEGANA
• Doces Preparados: -24.9% (3.8% → 2.9%) — CORTE PEQUENO
• Ultraprocessados: +12.6% (1.9% → 2.2%) — QUASE INALTERADO
• Proteínas Totais: -4.8% (20.7% → 19.7%) — REDUÇÃO MODERADA e Bebidas ALCOÓLICAS TOTAIS: +1.0% (2.8% → 2.8%) — se mantém o mesmo
As grandes descobertas:
1. Quanto mais jovem mentalmente, maior adesão vegana!
Millennials (32–45): +37.1% proteínas vegetais
Gen Z (18–31): +33.6% proteínas vegetais
Gen X (46–60): +4% proteínas vegetais
Os millenials lideram a troca da proteína animal por vegetal, seguido por Gen Z, enquanto a Gen X é resistente.
2. Millennials lideram conveniência, não Gen Z!
Millennials: +27.3% ultraprocessados (vida corrida profissional!)
Gen Z: +22.7% ultraprocessados (menor que esperado!)
Gen X: +12.6% ultraprocessados (resistência total!)
Será que pressão profissional e Ozempic resulta em mais fast-food?
3. TODAS as gerações reduzem alimentos naturais!
Gen X: -18%
Gen Z: -11.6%
Millennials: -7.4%
Um alerta: Ozempic pode estar prejudicando qualidade nutricional!
Insights para a Indústria
Uma pesquisa feita pela PWC sobre Tendências e Impactos do Ozempic”, reforça que “É quase impossível ignorar as notícias: uma onda gigante de interesse está surgindo em torno de medicamentos revolucionários para a perda de peso no tratamento da obesidade. Ao contrário das tendências passadas de dietas e métodos de emagrecimento, os medicamentos agonistas do receptor GLP-1 estão gerando níveis de entusiasmo raramente vistos”. Portanto, podemos ousar dizer que esses medicamentos estão motivando um novo padrão de beleza: magro com preferências que refletem aspirações de estilo de vida às vezes mais relevantes do que as preocupações com a saúde (como por exemplo, substituir o consumo de bebidas alcóolicas premiuns e o consumo de alimentos prontos (podendo ser ultraprocessados).
Nasce um perfil:
Um consumidor mais consciente e planejado. Há uma clara redução na impulsividade alimentar, evidenciada pela diminuição dos lanches entre refeições, que sugere maior autocontrole e foco na alimentação estruturada. Este grupo valoriza a conveniência, nem sempre a mais saudável. Além disso, a preferência por qualidade em vez de quantidade é destacada, com uma inclinação para compotas ao invés de chocolates convencionais. Essas mudanças comportamentais abrem oportunidades no mercado para categorias em ascensão, como pratos prontos premium (+67%) e vegetais congelados orgânicos.
INSIGHTS PARA A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS:
HEALTHY CONVENIENCE: Produtos prontos mas nutritivos
O aumento pela demanda de pratos prontos reflete a preferência por mais conveniência e a menor disposição para cozinhar. Portanto, existe oportunidades para pratos prontos mais gourmetizados que podem ser mais nutritivos e diversificados do que as opções existentes atualmente.
MINDFUL INDULGENCE: Doces de qualidade vs quantidade
A drástica redução dos snacks, açucares comuns e carboidratos e a migração dessas indulgências para doces e compotas, mostra que quem está sob uso do medicamento não deixa totalmente de consumir doces, mas opta por mais qualidade e consciência e menos quantidade.
OZEMPIC NÃO SÓ REDUZ APETITE — ajuda a reduzir o excesso na comida
Menos snacking impulsivo, Mais conveniência planejada, Menos doces processados e Mais doces naturais, Menos volume e Mais qualidade
Conclusão
Os dados revelam mudanças nos hábitos alimentares associados ao uso de Ozempic. Enquanto muitos usuários parecem adotar uma dieta mais saudável e consciente, reduzindo o consumo de alimentos processados e doces, ainda há espaço para indulgências, como no aumento do consumo de bebidas alcoólicas. Essa análise oferece um ponto de partida valioso para indústrias alimentícias e de saúde, que buscam entender como medicamentos impactam o comportamento do consumidor e onde existem oportunidades para atender às novas necessidades dietéticas desses indivíduos.
Referências
- Estudo Ouro na Prateleira junho 2025: Os dados analisados são parte de um estudo de mercado quantitativo conduzido pela Reds Research, com 2029 pessoas no Brasil sendo 393 usuários de Ozempic. O estudo teve também um aprofundamento qualitativo com IA, o e-talks e Insights analisados pelo agente HUGO.AI.